Os anjos lúgubres me envolvem enquanto escrevo a poesia que consideram poesia.
Não estou sozinho em minha sala, cozinha ou quarto.
Sou apenas uma alma guiada por outras
E sou apenas mais um, seja quando vivo, seja quando parto
Em busca de alguma coisa que alimente minha melancolia.
Realmente, encontro o que preciso nesses anjos, que não são uma crença,
Encontro um abrigo e companhia… eles me suportam em meio à solidão.
Não temo e não há o que temer,
Apenas quando lhe fazem de bobo, enganam-lhe
E tudo o que prezam é ver-lhe sofrer.
Quando querem, fazem com que a agonia sufoque nossos corpos cheios de mágoas.
Eles querem nossas lágrimas e nossa dor! Querem que nossa depressão tome total controle
De tudo o que somos e tudo que desejamos.
A MORTE!
Sim, a morte é a vida disfarçada por asas!
Esses anjos nos observam enquanto comemos e cantamos,
Enquanto estamos usando o computador…
Mas ignoramos, sem perceber, a horrível presença deles!
Quando querem, fazem-nos sofrer, sem dúvida.
Queimam nossas memórias, nossos sentimentos mais bonitos
Para que se alimentem… para que vivam em nossos medos e ilusões.
Nunca estamos sozinhos, afinal.
Somos servos da diabólica e infernal companhia de nossos amigos mortos.
Eles estão por aqui sim! Eles querem derramar o sangue que tanto anseiam!
Eles querem a VIDA, coisa que não sabemos se usamos direito.
Não para eles… eles querem que nossos corpos ardam no fogo do inferno
E façam deles seres eternos – seres dignos.
Os anjos tortos, que me invadem em minhas horas de agonia, desfalecem-me
E corroem-me por dentro e já não sou como era antes…
Sou um deles…
Sou mais um que mata pela vida…
SOU MAIS UM LOUCO QUE PERMEIA O FLUXO DA MELANCOLIA.
E mesmo depois de tudo,
Continuo parte de um sonho.