do calor que a vista turva
a visão seduz e emula
um oásis de fartura
no mormaço a caminhar

com os pés meus na quentura
dos perderes, da lonjura
dos quereres, imatura
a vida aprende a engatinhar

nos alvéolos, tufa o anseio
na saudade, o devaneio
da existência, que não veio
no mormaço, a ausência-lar

mas então, suave enseio
sopra ainda o vento; ei-lo
um destino (ou um e meio)
na secura um emanar.

no dia em que o pai mudou
nas paredes, as ranhuras
nos sentires, rachaduras
nas vigas e alicerces, a mãe
nosso peito angustiava
nossa infância, espatifada
a memória, disputada
toda a casa,
em ruína.