Mês: julho 2014
Silencioso
Mulheres cantam canções desesperadas,
crianças e a frescura nos olhos da manhã,
eu… eu escrevo a melancolia que arde em seus peitos.
Por estradas de sangue e o frescor do crepúsculo,
caminho, triste, impetuoso, violento,
em meio ao silêncio que me veio e vem:
Um silêncio que se perde na treva,
no entanto, parece ser o que,
por enquanto, chamo de solidão.
A arte da conversação
Minha existência não se resume mais em busca pela sabedoria da vida, dos livros, das conversas e dos amores. Agora, todavia, se resume ao ócio, ao tédio, ao silêncio, à sincronia com as diacronias de meus versos, à melancolia, à dramaticidade, à morte e à própria vida. Tenho um corpo que não comporta todos meus sonhos, e, por ser inválido, deixo de realizar todo o onirismo que me cerca. Tenho uma mente que não comporta toda a minha imaginação, e, por ser deveras imaginativo e reflexivo, não penso, não imagino, deixo de refletir. E por que faço isso comigo mesmo? Por qual motivo me cerco de impedimentos, de barreiras, de desculpas e preguiça? Talvez seja apenas uma longa fase. Um processo sobre o qual evito comentar, escrever, relatar. Minha existência se resume à poesia, à música, às artes em geral, além do que já foi citado. Mas a histeria que se desempenha de minhas obrigações já se torna estridente, contundente, radiante, dissidente… e minha. E o amor se esvai. Foge de minhas mãos e não tenho interesse em correr para alcançá-lo. Não tenho vontade de correr atrás de alguém. É preciso ter alguém? A solidão me parece tão atraente vista frente a frente. Autoestima se eleva de outras formas. E a minha… Bom, a morte também me parece atraente. Viver é superestimado. Ninguém sabe como é morrer para que haja tantos pontos negativos a acrescentar em sua vida. Acho o silêncio a arte da conversação e a maior forma de aprendizado que se tem numa relação. Aprende-se a ouvir, a falar, a se conter, a sentir e refletir. A morte é repleta de silêncio.
–
amo-te, meu amor:
o amor que já desfalece,
o amor que se esvai,
o amor que já decresce
o amor que já se vai.
–
Longe de mim sua ausência se torna iminente.
–
“Eles não existem”, ele diz,
enquanto cria paraísos irreais
– e, o que foi que fiz?
foi me livrar dos materiais.
ensombraremos a agonia
quando o homem renascer da cegueira.
e o corpo que, aqui, antes morria,
agora cria dos Céus uma fogueira.
–
Teu coração já pulsava cintilante, e, em si mesmo, verde e rosa, radiante, por ter encontrado a Beleza em sua forma mais tenra e livre: a ocular. Teus olhos resplendiam cerúleos e esmeráldicos universos de radiações. Espantavam os males; refletiam as sombras; desejavam – e desejavam em demasia – ser um breve canarinho que pousa em seus dedos contente, incisiva e apaixonadamente, mas que retém toda a felicidade em um vôo melancólico, triste, histérico, e nos deixa apenas saudade. Saudade.
To Laura
Laura is in the light of thought.
Though I smile my love to her,
and though the smiles that tints
the words I write, the eye that
blinks the verse I might
call a poet in love,
she’s only a dream I dare to dream.
Os anos passam feito vento
os anos passam feito vento,
–
Tanto tempo se passou sem que
qualquer palavra fosse dita.
Tanto tempo me levou para que
qualquer coisinha fosse escrita.
–
Você faz, apenas vivendo, com que eu viva,
sem desejos, sem lamentações, sem expectativa
de um cenário confortante ou deveras inundado
de serra, de talho… pelo amor adornado.
E, você mesmo, olhe meus pulsos chorando lágrimas
repletas de hemácias, amargura e melancolia.
Não é comum cantar a simples, tenra e pura poesia
com tanta dor e sentimento expostos. Não dá mercado.
São apenas memórias de um poeta em crise… angustiado.
Em apatia, em amor, na derrota e na glória,
escrevo meus poemas de miséria e vitória,
mas ninguém lê. Afinal não interessa.
E, se leem, no final, demonstram pressa
e a mensagem que quis passar passa a ser perdida.
–
E se o amor que aqui escreve
se tornasse pálido, amargo e seco
por conta de toda a melancolia
e desatino que jaz em viver?
E se o amor que aqui escreve
fosse encerrado, e, consigo, sutilmente
resvalado por toda a agonia
que reside em viver?
Teu
Quando, dos mais tenros e doídos sentimentos,
meu amor se erguer, lembra-te que te amo
e que teu coração permanece guardado
em meu próprio e sentido peito.
Saudade
Quero que saibas que jamais desistirei
de contar, fio a fio, gota a gota,
as ondas de teus alourados cabelos,
que já me trazem memórias e saudade.
To Laura
Leaves of grass sweep my revoked and lonely heart
And the stainless feeling I get is everybody is alone.
Under and beyond my ego, trauma is enhanced;
Reckless torments and all my misery invoke
A love that starts to grow.