É carnaval em todas as conversas
Que se tornaram inteiras numa toada
Para as pessoas diversas
Que, partindo delas, se tornaram amadas.
É Natal e ano novo em todos os lugares
Que se dizem inteiros ou vulgares.
É Páscoa e dia da bandeira
É tudo uma imensa zona de suave brincadeira.
Anos vão e vem, mas continuamos os mesmos,
E, ainda assim, nos fazemos diferentes a cada dia.
Não há destino, não há valor a esmo
A vida é toda planejada, a vida é uma sorte fria.
Mas o que é que tanto nos perturba?
Quais são nossos sonhos escondidos
Que nem virão a ser sonhos
Muito menos inimigos
– de nossa própria sorte?
Onde foram depositados?
Resposta não há
Ano velho não há
E neste ano novo que agora vem até mim,
Que se crie compaixão e amizade.
Que o amor se valha enfim
Sem qualquer anomalia de ordem,
Sem medo e crueldade.
Que o amor domine a todos nós
Para que possamos conviver com pobres e ricos;
Para que sejamos únicos em meio a multidão sem voz,
Em meio às diferenças indiferentes de nossa incrível sociedade.
Que o homem não seja aleto
Mas que pense em segredo
Em um dia secreto
(Para nós ainda)
No qual o que surge do imediato decreto
Seja um breve e eterno fazer.
E se todas as coisas que desejamos não derem certo,
Que venha um próximo ano de esperanças
Para nos fazer crescer
– Não do sucesso,
Mas de nossa momentânea queda,
nosso extenso aprender.
Hoje os relógios pararão por um segundo
E o tempo que já não é
Verá um novo ano passar.
Hoje a harmonia contempla o mundo
E o – dito – mundo que nada quer
Espera ansiosamente por algo que realmente
O faça querer mudar.