Engravatados,
Fadados
Ao poder
São a forma mais banal
Que se poderia pensar
Para oprimir
Novas idéias.
Dispersão,
Diversão,
Catatonia social.
Associações fantasmas,
Fardas mal lavadas
Estupor.
Demência,
Carência,
Dinheiro,
Obediência.
A sociedade cava seu próprio abismo
Sem que uma voz se destaque
Em meio às ociosas multidões.
$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
Quanto mais melhor
Quem liga para o pobre?
Quem liga para o que pensa?
Deem dinheiro a quem precisa e faça-os comprar,
comprar,
comprar,
Até que sua liberdade seja mercado
E seus direitos uma simples ilusão.
Quem irá ajudar os que realmente precisam?
U
E Quem?
M Quem?
Quem?
S Quem?
E R: Quem resolver falar.
R
Á o salvador? Quem será? Quem será?
Organizaram uma promoção absurdamente boa:
Produtos 70% mais baratos o dia inteiro!
Uma pena que, na verdade, era apenas uma forma
De vender mais com descontos em um preço igualmente absurdo! (o dobro do original)
É, meus amigos, mais uma evidência do poder do capital!
Pergunto-me:
Que fazer com tantas mentiras e dinheiro acumulados?
Hmm, vou abrir minha empresa – Poética S/A.
Venderei honestidade, humanismo
E darei um brinde! Sim, como não?!
– Um tapa na cara de cada um para perceberem os porcos que são!
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0000000 Subtítulo: o poder e seus passatempos
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Direita Esquerda
Direita Esquerda
Direita Esquerda
Direita Esquerda
MEIO
Direita ? Esquerda
Não existem duas únicas possibilidades.
Os que pensam isso são idiotas que negam sua criatividade,
Mas, como bom vendedor,
Dar-lhes-ei um brinde!
Uma nova idéia se inicia quando acaba a outra?
Pois bem:
Pobres da favela,
na sarjeta,
sem moela
E passa trem
Apaga vela
De quem é ela, quem é ela?
Não importa, na favela.
E passa ônibus, passa trem, passa trem, passatempo pra ninguém, passa trem, passa trem
E o povo não desce,
Desce, desce não, não tem ninguém!
Ninguém nos vagões, seu maquinista, manobrista, seu piloto!
Não tem ninguém!
– Mas quem disse isso?
Foi aquele porco vestido de senhor, senhor
– Deixe-o para lá, ele é cego! Só vê cifrões!
E passa o trem, passa o trem, passa trem, passa trem
E a vida cheia, na favela,
Acende vela, apaga vela
E o cemitério agora está cheio!
De policiais e civis,
De chinelos e gravatas,
Está cheio, porque ($) quis!
E quem vem ler não percebe
(ou não quer perceber)
Que sua vida é boa! É uma beleza!
Até vale a pena viver…
Mas se sou pobre, se estou morto,
Se não aspiro coisa alguma…
Ah, que se dane, vou torcer!
Olê olê olê o lá!
Aqui é muito bom!
Tem pão e circo pra nos calar!
Veneno, veneno, bebamos veneno no dia de ano novo
Para termos novas esperanças de um futuro sem futuro!
Bebamos veneno e ostentemos o ópio! O ouro dos iludidos!
ouro
ouro, que delícia, quero mais!
Mas e as Fardas?
Fardas
Fardas
Fardas,
Onde está o fardo?
Onde está o coletivismo nas pessoas?
Vivemos cada um em um copo vazio.
Não há nada,
mas vemos através de nossas portas,
como dois rios distantes.
Sabemos que todos estamos aprisionados
Sabemos que há pessoas sofrendo,
Mas quando bate meio dia,
Quando bate nove horas:
Comida, TV, Comida, TV
Para que me preocupar?!?
Burguesia:
Lucro
Exploração
Símbolo da Escravidão contemporânea e inconsciente
Todos querem ser a burguesia!
Todos querem comprar!
Futebol,
Carnaval:
Panis et Circenses
Poesia, sorria!
É mercado também!
Estou afoito,
Sufocado!
Devo pagar para escrever?
Devo comprar esse direito?
O que fazer?
O que fazer?
Já sei!
Vou para casa,
Vou me deitar,
Vou ver meus programas,
E sorrir enquanto assisto
O mundo, que um dia prezei,
Em suas chamas queimar.