a traição das aparências

riso de vida pautada em claridade
horizontes abertos à sensibilidade
mais uma vez a dura realidade disjunta
miséria reluz toda a merda conjunta
a labuta o enfado a caneta o paraíso
sou eu quem escarneia é meu o sorriso
de poeta pouco que conjura melancolia
em versos imerso, inconfidente à poesia.

Ella Fitzgerald

Ella cantará em meu quarto escuro
pela janela entreaberta
pelo céu nublado
pela quadra iluminada
por mim, que me sinto inseguro

em sua voz ouço graves agudos
e agudos graves de um breve hesitante sussurro

não importa quão misty é a paisagem
pela janela entreaberta
pelo céu nublado
pela quadra iluminada
por mim, agora vivívido e desnudo.

We have not long to love, Tennessee Williams (1911-1983)

We have not long to love
Tennessee Williams (1911-1983)

We have not long to love.
Light does not stay.
The tender things are those
we fold away.
Coarse fabrics are the ones
for common wear.
In silence I have watched you
comb your hair.
Intimate the silence,
dim and warm.
I could but did not, reach
to touch your arm.
I could, but do not, break
that which is still.
(Almost the faintest whisper
would be shrill.)
So moments pass as though
they wished to stay.
We have not long to love.
A night. A day….

Tennessee Williams

Não temos tempo para amar
Tennessee Williams (1911-1983)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Não temos tempo para amar.
A luz não permanece.
As coisas doces são aquelas
que a gente esquece.
Tecidos grossos são aqueles
pra no dia a dia usar.
Em silêncio observei você
seus cabelos pentear.
Intime o silêncio,
ameno e ofuscado.
Eu podia, mas não tive
teu braço tocado.
Eu podia, mas não cheguei
ao que perdura romper.
(Quase o mais fraco sussurro
estridente veio a ser).
Então momentos passam como
quem permanecer queria. 
Não temos tempo para amar.
Uma noite. Um dia…

The Little Boy Lost, William Blake (1757 – 1827)

The Little Boy Lost
William Blake (1757 – 1827)

Father, father, where are you going
O do not walk so fast.
Speak father, speak to your little boy
Or else I shall be lost,

The night was dark no father was there
The child was wet with dew.
The mire was deep, & the child did weep
And away the vapour flew.

Ilustração de William Blake para seu próprio poema

O menininho perdido
William Blake (1757 – 1827)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Pai, pai, onde você vai
Ai, não corra, que não correrei.
Fale, pai, fale com o filhinho
Ou logo me perderei.

A noite era escura e pai não havia
A criança de orvalho encharcada.
O pântano fundo, a névoa subia
E o menino muito soluçava.

The Little Boy Found, William Blake (1757 – 1827)

The Little Boy Found
William Blake (1757 – 1827)

The little boy lost in the lonely fen,
Led by the wandering light,
Began to cry, but God, ever nigh,
Appeared like his father, in white.

He kissed the child, and by the hand led,
And to his mother brought,
Who in sorrow pale, through the lonely dale,
Her little boy weeping sought.

Ilustração de William Blake para seu próprio poema

O menininho encontrado
William Blake (1757 – 1827)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

O menininho no brejo solitário,
Guiado pela luz a oscilar,
Começou a chorar até que Deus, à noite,
Surgiu como seu pai, para lhe reconfortar

Ele beijou o menino e levou-o pela mão,
Trouxe-o a sua mãe, toda pesarosa
Por ter no vale buscado sem encontrar
Sua criança chorosa.

The Dreamer, Paul Laurence Dunbar (1872–1906)

The Dreamer
Paul Laurence Dunbar (1872–1906)

Temples he built and palaces of air,
And, with the artist’s parent-pride aglow,
His fancy saw his vague ideals grow
Into creations marvelously fair;
He set his foot upon Fame’s nether stair.
But ah, his dream, —it had entranced him so
He could not move. He could no farther go;
But paused in joy that he was even there!
He did not wake until one day there gleamed
Thro’ his dark consciousness a light that racked
His being till he rose, alert to act.
But lo! what he had dreamed, the while he dreamed,
Another, wedding action unto thought,
Into the living, pulsing world had brought.

Paul Laurence Dunbar

O Sonhador
Paul Laurence Dunbar (1872–1906)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Templos por si construídos e palácios de ar,
E, com o orgulho dos seus inflamado,
Seu luxo viu seu vão ideário aumentado
Com as maravilhas de seu inventar;  
Na fútil escadaria da Fama seu pé fez firmar.
Mas ah, seu sonho, — deixou-o tão encantado,
Que não se movia. Permanecia parado,
Não avançava pelo êxtase de ali estar.
Não acordou até que brilhou
Em sua mente sombria uma luz que atormentava
Seu ser e o erguia e o despertava.
Mas então! seu sonho, enquanto sonhou,
Outro, juntando ação e quimera,
Ao vívido e pulsante mundo trouxera.

To enter that rhythm where the self is lost, Muriel Rukeyser (1913 – 1980)

To enter that rhythm where the self is lost
Muriel Rukeyser (1913 – 1980)

To enter that rhythm where the self is lost,
where breathing : heartbeat : and the subtle music
of their relation make our dance, and hasten
us to the moment when all things become
magic, another possibility.
That blind moment, midnight, when all sight
begins, and the dance itself is all our breath,
and we ourselves the moment of life and death.
Blinded; but given now another saving,
the self as vision, at all times perceiving,
all arts all senses being languages,
delivered of will, being transformed in truth—
for life’s sake surrendering moment and images,
writing the poem; in love making; bringing to birth.

Muriel Rukeyser

Ingressar no ritmo em que o eu se esvai
Muriel Rukeyser (1913 – 1980)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Ingressar no ritmo em que o eu se esvai,
onde respirar : palpitação : e a música sutil
da sua junção fazem nossa dança, e aproximam-
-nos do momento em que as coisas viram
mágica, outra possibilidade.
Aquele apagão, meia-noite, quando imagens
vêm, e a dança é só respiração,
e nós mesmos somos momento de vida e extinção.
Cegos; mas presenteados com outro alento,
o eu avistado, a todo instante interpretando,
todas as artes todas as sensações como linguagens,
entregues pela vontade, transformadas em verdade—
pelo bem da vida renunciando a momentos e imagens,
escrevendo o poema; apaixonando; trazendo à luz.

Style, Mona Van Duyn (1921 – 2004)

Style
Mona Van Duyn (1921 – 2004)

Flaubert wanted to write a novel
About nothing. It was to have no subject
And be sustained upon style alone,
Like the Holy Ghost cruising above
The abyss, or like the little animals
In Disney cartoons who stand upon a branch
That breaks, but do not fall
Till they look down. He never wrote that novel,
And neither did he write another one
That would have been called La Spirale,
Wherein the hero’s fortunes were to rise
In dreams, while his waking life disintegrated.
Even so, for these two books
We thank the master. They can be read,
With difficulty, in the spirit alone,
Are not so wholly lost as certain works
Burned at Alexandria, flooded at Florence,
And are never taught at universities.
Moreover, they are not deformed by style,
That fire that eats what it illuminates.

Mona Van Duyn

Estilo
Mona Van Duyn (1921 – 2004)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Flaubert queria escrever um romance
Sobre nada. Deveria ser isento de assunto
E sustentado somente pelo estilo,
Como o Espírito Santo pairando sobre
O abismo, ou como os animaizinhos
De cartoons da Disney que não caem
Do galho que se parte
Até olharem para baixo. Ele nunca o escreveu,
Tampouco escreveu outro
Que seria chamado La Spirale,
No qual as riquezas do herói cresceriam
Em sonhos, enquanto sua vida real desintegraria.
Ainda assim, por esses dois livros
Agradecemos ao mestre. Eles podem ser lidos,
Com dificuldade, apenas na alma,
Não são tão perdidos como outras obras
Queimadas em Alexandria ou afogadas em Florença
E nunca são ensinados em universidades.
Além disso, não são deformados pelo estilo,
fogo que devora o que ilumina.

Nationality, Mary Gilmore (1865 – 1962)

Nationality
Mary Gilmore (1865 – 1962)

I have grown past hate and bitterness,
I see the world as one;
But though I can no longer hate,
My son is still my son.

All men at God’s round table sit,
And all men must be fed;
But this loaf in my hand,
This loaf is my son’s bread.

Mary Gilmore

Nacionalidade
Mary Gilmore (1865 – 1962)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)


Alimentei remorsos e amarguras,
Como um só vejo o mundo;
Mas apesar de não poder mais odiar,
Meu filho ainda é o que difundo.

Todo homem senta-se à mesa de Deus
E todo homem deve ser alimentado;
Mas este pão que seguro,
Este pão para meu filho está guardado.

Vagabonds, Langston Hughes (1902 – 1967)

Vagabonds
Langston Hughes (1902 – 1967)

We are the desperate
Who do not care,
The hungry
Who have nowhere
To eat,
No place to sleep,
The tearless
Who cannot
Weep

Langston Hughes

Vagabundos
Langston Hughes (1902 – 1967)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)


Somos os desesperados
Que não se preocupam,
Os famintos
Que nada ocupam
Para comer,
Nem para descansar,
Os sem-lágrimas
Impedidos de
Chorar.

Silhouette, Langston Hughes (1902 – 1967)

Silhouette
Langston Hughes (1902 – 1967)

Southern gentle lady,
Do not swoon.
They’ve just hung a black man
In the dark of the moon.

They’ve hung a black man
To a roadside tree
In the dark of the moon
For the world to see
How Dixie protects
Its white womanhood.

Southern gentle lady,
  Be good!
  Be good!

Langston Hughes

Silhueta
Langston Hughes (1902 – 1967)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Gentil senhora sulista,
Não é preciso desesperar.
Enforcaram um homem negro
na escuridão do luar.

Enforcaram um homem negro
Numa árvore qualquer
Na escuridão do luar
Para o mundo ver
Como o Sul protege
Sua branca feminilidade.

Gentil senhora sulista,
   Fique à vontade!
   Fique à vontade!

The Black Finger, Angelina Weld Grimké (1880 – 1958)

The Black Finger
Angelina Weld Grimké (1880 – 1958)

I have just seen a beautiful thing
                        Slim and still,
          Against a gold, gold sky,
          A straight cypress,
                           Sensitive
                           Exquisite,
                           A black finger
                           Pointing upwards.
Why, beautiful, still finger are you black?
And why are you pointing upwards?

Angelina Weld Grimké

O Dedo Preto
Angelina Weld Grimké (1880 – 1958)
Tradução: Paulo Mielmiczuk (1995 –)

Acabei de ver um belo ser
                        Delgado e ereto,
      Contra um céu d’ouro, d’ouro,
      Um cipreste elevado,
                           Sensitivo
                           Expressivo,
                           Um dedo preto
                           Apontando pro alto.
Por que, lindo, ereto dedo, você é preto?
E por que está apontando para cima?

No link a seguir, há uma interpretação interessante (em inglês), que recomendo:
https://thisblogaddressisalreadytaken.wordpress.com/2015/02/09/the-black-finger-analysis/amp/

a poesia possível dos mínimos instantes

vez ou outra desperto
e me encontro comigo
ao espelho outrora partido.

de olhos quase não-olhos
à manhã que raia; no espelho
o humanoide incerto avisto

e vem o banho e vem o café
o mesmo pão frio e duro de outros dias
quentinho e amanteigado

o café em doce amargor expurga o
“amarga é a vida!”
do universal desamor

às vezes desperto
acordo e espero espero e espero
e os nadas são constantes

nesses dias, sorrio e flutuo
a mente encerra o que já era
e concluo o título como nunca antes.

“Sai fora, sô macho, pô”

Aqui na rua tinha um sujeito felicíssimo, para quem todos pagavam o maior pau! Era extremamente bem-sucedido para o que consideram os não-tão-bem-sucedidos: TikToker, 200 mil seguidores, um carro zero (era zero em 1973), tinha voz potente pra urrar nossos horrores a comunistas e nossa idolatria religiosa aos sapatenistas – que nunca nos ajudariam, mas que a gente gosta de fingir que são gente como a gente – e, claro, apenas três boletos em aberto neste fim de mês. Sucesso! Poucos eram como ele…

E ele era um tanto metido, mas deve ser porque meu nariz é pequeno. Referencial, né? Eu olhava adiante e aquele narigão avantajado, ereto, firme, todo-todo, cheio de si, reluzia. Ah, nariz! Como era empinadinho… Trajava artigos de luxo: camisa pirata do Corinthians (modelo 2007, do Moradei! Raridade); bermuda vermelha, à moda californiana, bem surfista mesmo, da C&A (o que mais valorizou nessa última década); par de havaianas ORIGINAL e ESTAMPADO, modelo 2009, tirando o ar de quem passava e os ditos de “pés lindos”, tanto da mulherada quanto  do homem-nada– porque sempre rola aquela admiração entre amigos. Com ele, o pé não ficava sujo. Não tinha aquele resquício preto, de asfalto pisado, sabe? Pisante limpo! Sujeito tomava banho com dove e passava pantene na cabeça, com certeza! E devia ser pacote familiar, econômico? Sim. Mas era muito mais do que nosso sabonete de coco poderia sonhar. E ele a gente passava no corpo todo, fingindo que media 18x menos, tá ligado?

Era feliz!

A gente sentava no bar pra tomar uma coquinha e assistir à Champignons Lig (agora tô manjando do Alemão) e via o Feliz passeando por aí: mochila nas costas, as vestimentas suntuosas tradicionais. “Aê, Pindola, onde o Napa vai todo dia?”, “sei lá, mano, tá achando que eu tô comendo o Napa pra saber?” (amigos sempre falam de sexo para se diminuírem e para se aumentarem, né? Tudo virjão, mas com interesse no brother ao lado). “Cê sabe, Berna?”, “Sai fora, sô macho, pô! Comi a irmã dele, a amiga e a amiga da amiga! Gostosas pra ca…”, “Ok, só queria saber pra onde esse cara vai todo dia, com esse pique jogadô, mas mininão de escolinha”. E fiquei com aquilo na cabeça por umas semanas…

… até que um dia Napa estava em seu trajeto de costume e nós naquela desocupação cheia de vadiagem (também de costume), quando começou a ventar. E ventava e ventava e ventava. As havaianas, todas atrapalhadas, pisando em falso e! pé na havaiana pé no pé pé no chão chão na havaiana havaiana na canela canela no chão… Napa tropeçou, Napa caiu. Saí correndo pra socorrê-lo e os leleks vieram atrás, mas como todo bom brasileiro, a gente queria mesmo era saber da fofoca, o verdadeiro motor da História. Julin era o pior: não ajudava em nada porque tava indignado com o tamanho das narinas, tendo chegado ao ponto de dizer que se fosse um pouquinho mais perto o buraco negro engolia ele. Mas era tudo inveja, sabemos.

Nessa brincadeira toda, a mochila voou pra longe, e fui pegá-la pro cara. Já tava todo esfolado mesmo. E quando vi o chaveiro, tinha um cartãozinho:

michê, disque 4002-8922
para o mais puro prazer

Nem me surpreendi… Os leks até ligaram depois, mas fiquei sabendo por fofoca. Com eles é tudo no sigilo, né? Amigo é amigo, mas não conta intimidade. É coisa de viadão, né? É que bom mesmo é fazer O Feliz ainda mais feliz: menos dois boletos em aberto, graças às ligações das mais profundas e gulosas amizades.


paulo mielmiczuk (1995 -)

intransigência

estes presos do que enxergam têm tudo.
têm o pão, têm o vinho
têm o ódio

quem sou, já não sei
perdi a identidade para a liberdade 
angústia do outro
que me prendeu
em seu injusto julgamento

sei que sou mais uma cobra se alimentando de ratos
ratos indigestos
e sei que deles
ratos
me desfaço

não me nutro
jamais me nutri

mas não me vendo!

e o que pareço?
um corpo de alegrias imensas num motor desesperado?

mais um contexto pobre de poeta podre?
e poeta pobre!

mas poeta…

e ainda leio notícias
notícias completamente falsas
repletas de pequenas verdades

nessas miudezas, pequeno, me engrandeço
porque o que enxergam é só o que enxergam
nada mais
sempre menos

escrevo-te durante a noite, camarada
porque nela me concentro melhor
o sono não vem, a poesia talvez venha
e o dia está longe de raiar

trago-te, é verdade, cada vez mais notícias do imenso Matadouro…
é que sou urubu pairando sobre as cabeças degoladas
de amigos que escreveram resistências
que jamais perecerão
das quais jamais me esquecerei

mas já estou tão esquecido

a História se turvou
neste poema turvo e precário!
poema pobre, mas poema
tentemos sempre nos lembrar

e há algum tempo percebo silêncios
e não só silêncios
já tentou ouvir o que dizem os ouvidos dos que ouvem?

absorvem

faz muito tempo desde a última vez encontrei
algum produtor, poeta, crítico

gostaria de encontrá-lo
sinto saudade da liberdade
convivência que tínhamos juntos

o Matadouro tem estado podre…
não como poeta!
podre de carniça

mas tem atraído visitantes
cada vez mais
a Economia gira assim, né?
mas já não sinto prazer em degolas

tô exausto de tanta gritaria lá fora
só tenho me atido ao universo abatido

numa dessas notícias falsas que leio, vi que estamos em Guerra
você tem percebido? não vi tanque, não vi arsenal 
só vi o führer trapalhão e as trincheiras no peito

tenho tentado encontrá-lo, mas não encontro
monólogos batem na parede e voltam à minha escuta
estou farto, pois solilóquios me angustiam

não gosto de falar e não ouvir o outro
mas há outro? minha voz tem ecoado

ecoado
  ecoado
ecoado

e nada cessa a solidão

os presos do que enxergam têm tudo!
têm o pão, têm o vinho
têm o ódio

e eu não tenho nada!
tudo tão mutilado

poemas pobres
mas poemas!

até que não exista mais liberdade
poesia para emitir meus urros sós
de desespero

adeus, companheiro…
até um dia de resposta

adeus, companheiro…
se ainda for companheiro

adeus, companheiro…
se ainda for

minhas páginas estão sempre abertas
em tantos livros fechados
cadeados são intransponíveis

dormirei para acalmar meu sofrimento
tentemos nos lembrar

do amor, da conversa, do sentimento