Um sono intenso cai sobre mim,
Mês: fevereiro 2016
Burro
é possível ver
para criar, sentir, ouvir
e dizer,
–
Perimo teus olhares, e tuas espáduas eternizam
pensam que sobre a infância e a alegria todos mentiram.
Trago-te meus olhares incertos
Trago-te meus olhares incertos
Ela é minha companhia
Ela é minha companhia.
Saboreio seu cheiro
de sangue e cigarros
enquanto cutuco as feridas
em meu pulso caído.
Ela é adorável,
e sorri de soslaio para mim.
Sempre sorri,
pois as retinas em seus olhos
não codificam a tristeza,
não sabem o que é a miséria
em uma vida podre, procrastinatória.
E não há motivo para ficar triste,
não há infortúnio que resista
à alegria que é estar a seu lado,
porque caminhamos tanto!
e agora, acabou.
Ela é o suicídio que faltava em minha vida.
–
As retinas se esforçam, mas não têm clareza,
somente a dor que da mente desce ao peito
pulsa neste corpo desalmado pela tristeza,
imerso em ações não compreendidas… sem jeito.
O céu se escureceu e assim o fez meu coração.
Irei embora, pois não sorrirei novamente,
não despertarei minha morta e doentia emoção,
e não despejarei lágrimas de um olho doente.
–
Minhas palavras são um inferno.
São o motivo pelo qual consterno,
mas convido cada letra a florescer,
poque não tenho ganas em vida,
não tenho gente amada, querida,
e ainda me contento em morrer.
Ausência
ausento-me.
não posso negar que me ausento
e que os dias me parecem ser eternos,
bem como as noites, que trazem consigo
a terrível agonia de viver.
ausento-me.
e as estrelas, que deixam buracos ao partir…
são todas contadas, pois são todos assim
para mim também.
ausento-me.
não posso negar que me ausento,
porque não tenho o que dizer quando me perguntam
o que acho de tal assunto, pois não tenho interesse.
porque não sei o que pensarão de mim.
porque não sei… não sei?
ausento-me.
e tudo é cada vez mais profundo.
e tudo a minha volta é raso e imundo.
tudo é falso e obtuso. tudo é esquecimento.
ausento-me para não me aproximar.
não me aproximo e sinto falta.
não me aproximo,
porque quero evitar a dor da perda,
mas sofro com a saudade de alguém que nunca tive.
ausento-me para me isolar,
e olhar ao redor com distanciamento,
pensando ter sido excluído por outrem…
pensando que poderia estar ali, mas não poderia, pois
ausento-me.
e isso me corrói,
isso me faz pensar
que o mundo
jamais foi feito
para pessoas depressivas
me faz querer desistir.
mas sigo em frente,
pois deixar quem é próximo
“é egoísta”.
mal sabem que
não me conhecem, apenas convivem.
e egoísta mesmo é saber que alguém sofre por estar vivo,
é pensar que se é dono desse alguém…
e não deixá-lo partir.
–
o esquecimento toma as rédeas,
e, incompleto, traz consigo a incompletude:
mistura de baixa autoestima, obsolescências
e o frio do medo e implenitude.
os hiatos na paisagem, o vazio pela janela,
o que se esconde nos átomos do coração,
a música saudosa e os sons
de uma nova, ociosa e muda tristeza,
o carinho e a carência serão consequência e causa.
e todo alento que for desperto
será indeterminadamente momentâneo.
A inveja, fruto de ser e de querer,
arde na mente do invejoso, e, calado,
somente canta a agonia de não ser.
a dor espraiada, profusamente profunda…
dorme, vespertina…
dorme, que a noite engatinha e evolui meu tormento.