Tristes são meus olhos que escorrem em si
mesmos de tanto que, por amor, por ti,
sofri, ó amada, ó querida. Tantas noites
se passaram enquanto memórias corroíam os açoites de minha vida.
Em minha mente, enquanto, sozinho, vaguei,
pensando em ti e em todas as preces que preguei
ardilosamente amei o que chamo de amor…
e tudo por ti, ó amada, ó querida, ó Leonor!
E, agora que estás longe e distante de meu coração,
nem um abraço, nem uma lembrança
pode resgatar a nobre e esquecida sombra e esperança
de nossa tenra e ocultada paixão.
E, agora que estás longe, contento-me em amar a distância
que nos conveio e envolveu desde, talvez, nossa infância,
a qual já morreu, e jaz em paz num sentimento de felicidade
maior do que eu, e maior que toda nossa sentimentalidade.
Porém, agora que estou livre de teus pesadelos,
continuo perdido em singelos e entrelaçados novelos
de angústia e aflição… por amar Charlotte, fruto de meu
amor pelo sofrimento – de um amor que já não é mais teu,
mas esta caminha em beleza, em formosura,
e, se não erra, pode-se dizer que nem mesmo rasura
as emoções que sente, quando sente por outrem
o que eu, aqui, sozinho, sinto por alguém.
Porém, nem mesmo me olha. Nega minhas emoções
e refuta meus olhares apaixonados, repleto de paixões.
Parece até uma dama-sem-teto,
agora que casou-se com o nobre Alberto.
Só que um beijo lhe roubei,
todavia, seu homem não serei
e se existe algo que um homem não possa ter,
talvez já nem mesmo valha a pena viver.