Amor

eu te amo!
– diz alguém
e a carência arrefece
satisfaz seu desejo
projeta as tradições.

no amor, mutila-se o outro
um espelho para chamar de seu
possessivo imperativo
outro que meu
meu meu
quem poderá amar mais do que eu
que sou tão bom
tão perfeito
à luz dos meus olhos?

ainda não suporto a rejeição paterna.

o outro aniquilo.
aniquila o amor
fascismo oculto.










não serei herói da epopeia dos dias
não serei don juan que no ideal se cria
tampouco na bruma do íntimo farei-me
amor pra quem amo: presença, tempo, escuta.

eventualmente o que o peito perscruta
na distância urja em formatos distintos
mas do foco e do fogo e do fosco e da fuga
que enfim prevaleça o que de mais tenro sinto.