atrás das paredes o rosto cúmplice
acena um gesto de confidência
cativa um riso meigo e dúplice
é o seu tenro compartir da vivência.
por toda a janela um mesmo súplice
amor entre tantos fins da existência
descobre os quereres de outros multis
e assim faz de várias sua essência.
Mês: dezembro 2021
–
navega marinheiro meu amor:
em ventos que aportam a nau do peito
em naufrágios que ancoram o tesouro
na dúbia e eterna saudade da terra.
–
a luz se põe ao longe, quase nula
a nefasta agrura dos rochedos no horizonte.
era raio, então feixe e amanhã talvez
refletindo-se em prismático emanar
remexam-se novamente os fótons
após denso e intransponível escurecer.
criação
eu vou
e de soslaio te observo
a perdurar-se em tantos
anos de trajetória
esquecível feito literatura
de instagram. Egoica
só sabe de produzir
mas aqui não produzo
enfurnado na mente
vazia que emula e dissimula
uns tantos talentos
desprezáveis
por tantos e tantos
anos de lamentos sem nexo.
a vida é que se faz aberta
e sou eu que vou a ela
destinando as cerrações
divinas da criação humana.