e os vagões ficam.
e tudo que resta
Paulo Mielmiczuk
Desfaleço, hipocondríaco, em minha mórbida mente,
que não me toca ou comove
como, eloquentemente, faz com que me transforme
num simples poeta de cunho doente.
E a miséria que a mim proporciono
só pertence a mim, sozinho,
pois nela melancolicamente estaciono
e jazo sem amor e amor ao carinho.
Triste, minha depressão me consome,
submissa a meu lado demoníaco,
que tanto fez para adquirir renome.
Desesperado, desfaleço hipocondríaco…
e, se já nem tenho ânsia ou fome,
que adormeça na presença de amoníaco.
quero ser o garoto
que dedilha grades
ao andar na rua
discursando em sua mente
a seus amigos imaginários.
quero ser o garoto
que fala onomatopeias
e brinca, e corre, e pula
e nem mesmo sai de sua cabeça.
quero ser o garoto sem nome,
que todos conhecem e adoram;
que apaixona e encoraja
que inspira e poetiza
sua solidão inerente.
Não quero que dependa de mim
assim como não quero depender.
Temo a distância e abandono;
Temo a aproximação e carência.
Quero mas não quero ter alguém
preciso mas não quero,
e quero… não quero.
Preciso estar no controle de qualquer relação
e de mim mesmo e nem sei a causa disso.
Preciso preciso impreciso imperfeito
somos todos iguais e desiguais ao mesmo tempo.
Mas e daí? Jamais me acostumarei.
Não quero ajuda!
Não quero companhia!
Estou bem nesta solidão aguda
Estou bem, obrigado.
Não preciso de algo mais.
Estou bem na condição de sozinho.
to Celeste Mae
Sometimes, walking and crossing streets, we meet someone.
Sometimes someone shouts something interesting
and the will to meet each other starts developing.
Sometimes we make friends. Sometimes we don’t.
Who knows what future plans for us?
Who knows how long it will last?
Sometimes we don’t have to cross the streets
nor even walk.
Sometimes we don’t have to shout or say something.
Sometimes we only need some time
to learn and teach
in both virtual languages.
Sometimes we make friends.
But only sometimes.
Hope it is mine.
Hope my poetry touches
and teaches… sometimes.
Despalavro palavras para apalavrar meu paladar ansioso por palavras para abocanhar.
Olhos destreinados
somente enxergam
sem movimento.
Eles estão perdidos na inércia;
eles não têm percepção;
e jamais escreverão
um poema pequeno
despalavrado.
o que resta de nós
se um ao outro
é mero ou pouco
amor e voz?
durante este tempo de insanidade,
tudo que me resta é tentar pensar
em algo que faça clarear a chama
da fosca, turva e sinuosa realidade
que está deveras longe de meu eu
introspectivo e demais desesperado.
durante este tempo de insanidade,
tudo que me resta é tentar sonhar
em algo que me faça realçar uma
faísca de poesia nesta mente
fragilizada e heroicamente nua.
é a aura da loucura num corpo
pobre de poeta mal compreendido
e amado.
é a tristeza por existir
numa morte próxima de final
desconsertado.
é a lágrima que escorre em reta,
mas descarrila enfim.
é a dor que exala e escorre sobre mim.
no porão,
com uma vela
acesa
num pequeno
prato
de cerâmica
branca,
sentei-me sozinho
à espera de algo.
somente os quadros
protegidos
por panos claros
e gaiolas
de pássaros
que se foram havia muito,
e o vento que batia
na janela com
armadura de madeira,
e as memórias de tempos
que nunca vivi
me acompanharam
enquanto lia um livro
de mistérios
e onirismo
cheio de reviravoltas
e digressões.
um livro sem páginas
um livro sem capa…
um livro pessoal
e de ordem introspectiva.
só
noramente
norte
morte
some
ao
som
do
‘este
norte
leste
sul
da
fac’
e
mente
céu
azul
Há uma nuvem de esperança
que ronda a cabeça
dos desesperados
– pelados por dentro
e mentalmente danificados.
Ela se ergue por cima das vias
de suas mentes
e inconscientemente faíscam
uma veia de lucidez.
O mal irá embora.
Who was she
and who was me?
What have we been doing to each other
since our love started fading away?
I suffer.
She suffers.
Who is she?
Who do I love?
Who am I?
Who does she love?
What did I turned into?
Why so many questions?
So much pain…
so much stress
and sadness
all around…
Where is my mind going?
Where is my love going?
I feel so alone…
something inside of me is dying…
something is going away.
Who was she?
Who is she?
Who am I?
Who was me?
mentes são feitas por outras…
e mentem!
mentem como se fossem mentes
genuínas!
ela veio falar comigo
disse que eu estava com fome
assenti
e fui escrever um poema
“Bonzo’s Montreux“
tocando no rádio de pilha
e já nem aguentava tantas batidas
inovação era a palavra
escrita no prato
quando fui comer
alguma coisa que me agradou.
“Hey Hey What Can I Do“
senão comer?
ela voltou e disse algo
não ouvi
pois estava pensando em outrem
e outrem pensava em mim
sem pensar
ou fazer questão de pensar.
Escrevi outro poema num poema
e a palavra inovação não estava ali
era um poema problemático-problema
que parecia aparição de algo que comi.
ela voltou e disse que deveria sair
porque já não aguentava Led Zeppelin
tocando a tarde toda
sem Coda ou Chorus
somente o agudinho do Bob Planta.
Escrevi outro poema
dez num dia
fenômeno!
e a palavra inovação me escapou
desliguei o radinho
e dormi um sono inquieto.