um eu, um outro

pixeladamente emburreci meus amigos com meu show telecinético
              hímen rompido descompassado caótico frenético em milhões de euzinhos   
              fragmentários que desinteressam, ó filhos algorítmicos
nas vielas dos stories paixão retina descarte de mim
              vazio que não foi receio não houve turbilhão imaginário 
              vela acesa igreja procissão reel altar post pai filho espírito santo alucinógeno
no asfalto quente pé descalço corre-corre o couro queima as costas torram noutro
              dia a dia de foder e romper-se em outro hímen que o homem exorta 
              em profundas olheiras e dor nas costas o trabalho adiposo o cenário odioso o
amor               
              oficioso a solidão maconhada lúmen lúpulo camarada
na visão turvada na fagulha incendeia a face não engulo fecho o olho colo   
              a boca corto a orelha e assim sou mais bonito
no espelho que não vejo o Lázaro de mim manequim vitrináceo trêmulo triste plástico
              kintsugi e kitsch que odeio não engulo e não digiro e não dirijo
              meu sonho-silêncio do exílio de idiotas do estímulo apatia milagrosa na fenda
              de minha ossada crianciforme que a quilômetros exala cheiro de sangue de
              horror e repulsa que insisto em intenso e esquecível manuscrito


angústia; no espaço
do criar, o vácuo
reativo

plateia imaginária
reacionária
planetária expectativa

do sucesso; o buraco
egoico – estoico prosseguir
criar sofrer erguer lutar
repetir
contra si: o peso dos sentidos:
cosmonauta inquebrantável no país dos oprimidos.

Esperança

do calor que a vista turva
a v
      i
        s
          ã
             o    s e d u z   e
e m u l a
u m   o á s i s   d e   f a r t u r a
no
mormaço a
                    caminhar

com os pés meus na quentura
dos perderes
                                                     (d a   l o n j u r a
dos quereres),
imatura
a vida
                                    a
p
r
e
n
d
e
             a engatinhar

nos alvéolos
                        t u f a   o   a n s e i o
na saudade
                                                      (o   d e v a n e i o
da existência) que não veio
no mormaço
a ausência-lar

mas então,
                             s
                             u
                             ave   e n s e i o
                                      s
                                   o
                                p
                             r
                       a ainda o vento; ei-lo
um destino (ou um e meio)
na secura, um emanar.